24/09/10 BARCELONA 7 meses depois

MEDICAL CENTER

Amanheci encarando a hostilidade do médico italiano, que sempre é um novo, que nunca fala inglês... Ele já tinha me avisado que se eu seguisse tomando a quantidade de remédios pra dor nas costas que tomo ia acabar destruindo meu fígado.

Então, como eu destruí o resto da minha coluna ontem no parque, ele me deu logo uma injeção pra cavalo que me fez desmaiar. Acordei com um algodão no meu nariz, como nos filmes, e quando abri os olhos já estava chorando.

Me deu um medical off até às 19h, o que me livrou de ganhar o ódio da minha equipe de não trabalhar na noite de gala.

O QUE MUDOU DEPOIS DE SETE MESES

- não uso mais a bandeira da Espanha, embora esteja falando espanhol cada vez melhor, porque os passaheros españoles san uns culeros de mierda e adoram ficar puxando papo. E eu não falo Barthelona nem grathias e ando sem paciência pra gente que franze a testa

- e também porque não agüento a ignorância dos passageiros que acham que no Brasil se fala espanhol. Só porque eles estão acostumados a serem servidos por um bando de latinos, gostam de falar me gusta, no me gusta e gracias, passageiros de qualquer nacionalidade. E eu respondo I’m not Spanish, not even Peruvian, even less Hondureña. In my country we speak Portuguese, so you can say OBRIGADA, if you want.

- eu continuo expondo as fotos com perfeição, limpando gavetas e organizando mesas porque sempre gostei de organização. Me sinto melhor vendo as coisas no seu lugar, e ocupa minha cabeça e faz o tempo passar mais rápido

- me maquio pra mim, principalmente em noite de gala e de restaurantes, e pro meu namor, que todo dia diz que eu estou linda HOJE. E ele diz isso todos os dias. Pelas manhãs não passo nem corretivo porque me faz diferença 5 minutos a mais pra dormir, escovar os dentes, ir na lavanderia e tomar café

- aceito as pessoas como elas são e não tento mudar ninguém

- gosto cada vez mais de quem eu sou e estou convencida de que vim até aqui pra conhecer certas pessoas, viver coisas maravilhosas e terríveis, meter na mala e ir me embora pra outro desafio